quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O Rio de Janeiro continua lindo

Rio de Janeiro com sol reduz um pouco as chances de incursões gastroexploratórias mais elaboradas. Fica-se na praia um tempão e mata-se a fome com mais simplicidade. O Rio com chuva torna o roteiro gastronômico quase que opção única. Pois choveu dia e noite...
Café da manhã de hotel (um prazer quase que obsceno apreciar o chapeiro manejando um omelete com precisão e destreza....), almoços tardios e jantares quase madrugadores foram a tônica de um fim de semana carioca cheio de frio e de chuva.

Primeira noite, pouca inspiração, experimentei o Gula Gula, um fast food meio metidinho com unidades em dois ou três bairros cariocas. Visitei o de São Conrado e achei uma proposta pretenciosa e supervalorizada (é citado em guias como uma opção boa e barata). Classifico como razoável e caro pelo que oferece. Caesar salad normal, fettuccini com tomate e manjericão e uma taça de tinto para ajudar a descer, 60 paus por cabeça. Não é pra tanto...
Pelo menos a sobremesa foi compensadora, em outro lugar. Fui a um quiosque do Mil Frutas e cometi duas mega caloróricas e estupendas bolas de sorvete, uma de chocolate com raspas de laranja, outra de beijinho (o doce!). Sensacional, como sempre.

No almoço do dia seguinte, fui de boteco: para não errar, enfileirei uns 10 chopps no Bracarense do Leblon, e comi seus ótimos pastéis entre um gole e outro. Mandei ainda um filé ao alho com arroz e brócolis, que me pareceu perfeiro pelo estágio etílico em que me encontrava.

Para jantar, bem de noitinha, fui conhecer a CT Brasserie, do Claude Troisgros, também em São Conrado. Lugar agradável, apesar de estar dentro de um shopping center, com uma cardápio bem interessante e carta de vinhos honesta. Pedi um filé de pargo grelhado com tomate confit e vinagrete de limão siciliano. A Fe pediu um risoto de brie, jamón e rúcula. Ambos os pratos muito bem feitos, sofisticados no preparo e na apresentação. Tomamos um Chablis ler Cru Montmain 2008, delicioso, que hamonizou perfeitamente com o peixe que pedi.

Por fim, fechei minha passagem carioca com um almoço de boteco. Revisitei o antigo e tradicional Belmonte, no Jardim Botânico, onde come-se um dos  melhores salgados do Rio, na minha opinião. Ao invés de ficar só nas empadas e risoles que sempre gostei, fui me meter a pedir um filé a parmegiana e (quase) dancei. Não sei se é tradição carioca ou coisa assim, mas eles cometem dois crimes no preparo do prato: metem presunto na receita e temperam o molho de tomate com uma dose cavalar de cominho (!), termpero que transforma qualquer coisa em outra diferente do que deveria ser (a exemplo do excesso de coentro da cozinha nordestina clássica). Enfim, nem sempre se acerta em tudo, mas o Rio de Janeiro vale a viagem. E continua lindo e gostoso.

Nota do fim de semana: se temos a pretensão de sediar Jogos Olímpicos e Copa do Mundo no Rio de Janeiro, a cidade tem que passar por uma revolução nos serviços que oferece. Da locação de carros às informações nos aeroportos, táxis, trânsito, passando pela capacitação dos funcionários de hotéis e restaurantes, tudo, mas TUDO mesmo necessita de mudanças radicais na qualidade do que é oferecido. O nível dos serviços, com, raríssimas exceções, está nos patamares de Uganda ou do leste da Namíbia.

Gula Gula - Estrada da Gávea, 899 - 2o piso (SCFM) - Rio de Janeiro
Bracarense - Rua José Linhares, 85 - Leblon - RJ
CT Brasserie - Estrada da Gávea, 899 - 3o piso (SCFM) - Rio de Janeiro
Bar Belmonte - Rua Jardim Botâncio, 617 - RJ