segunda-feira, 26 de julho de 2010

O melhor está no balcão

A cozinha árabe (e/ou síria-libanesa) tem grandes representantes em São Paulo. A colônia espalhou suas esfihas, kaftas e michuis por toda a cidade, do Bom Retiro aos Jardins. Colocando literalmente à parte as aberrações do gênero, caso do Habbib's e congêneres, a tradição da culinária árabe tem sido bem representada por casas como o Arábia, a Brasserie Victoria e o Almanara, só para citar alguns dos mais famosos.

No último fim de semana, revisitei um dos meus favoritos: o Halim, no Paraíso. É um típico árabe que começou em uma pequena portinha aberta pra rua, vendendo esfihas e doces sírios, e acabou crescendo e ampliando suas mesas e o seu cardápio. 

Almocei uma refeição completa, com pastas e esfinhas de entrada, kafta e arroz marroquino como prato principal, fechando com uma pequena seleção de doces especias. Tudo muito correto, apesar do prato principal ter chegado à mesa uns três ou quatro graus abaixo da temperatura ideal.

O ponto é que o Halim é melhor no balcão do que nas mesas... Vale muito mais a pena você ficar nas esfihas, quibes e doces da entrada do que se aventurar ao menu completo oferecido em suas mesas. As esfihas são excelentes, incluindo uma fechada de escarola que é divina, os kibes são excepcionais e os doces... Bom, os doces são um ponto fora da curva. Todos merecem ser experimentados, sem dó nem piedade. Desta última vez dei uma maneirada e comi apenas três... Um malabie (creme com calda de damasco e água de flor de laranjeira), um pastel de nata coberto com mel (não me lembro o nome áreabe deste doce) e um doce de semolina e pistache (uniqueness!) muito, mas muito gostoso mesmo.

Tudo isso chama atenção já nas vitrines da entrada. Minha recomendação é que você  pare por ali, peças seus salgados, não deixe de comer pelo menos uma sobremesa (acompanhada de café árabe, claro) e ainda leve alguma coisa pra casa, para um segundo tempo.

Halim Restaurante - Rua Doutor Rafael De Barros, 56 - Paraíso - São Paulo   
 

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Clássico!

Restaurante é restaurante, clássico é clássico. E vice-versa. Sábado à noite, Brasil fora da copa, preguiça de cozinhar e mais ainda de sair de casa para comer qualquer coisa. Pizza delivery? De novo não. E se é prá vestir uma japona, uma calça rancheira e sair de casa no frio, melhor que seja para um destino de fato compensador, sem invencionices, sem erros.

Aterrisei no quase sexagenário La Casserole, no largo do Arouche (quer endereço mais charmoso?), mesa para quatro. Sem mais delongas, fui ao tradicional (mas fora do cardápio, saibam) Cassoulet. A feijoada com biquinho, francesa, perfumada. Clássica. E deliciosa.

Os cúmplices de mesa foram de escargot na manteiga com alho e ervas (uma entrada que é quase um prato principal), canard confit (uma coxa de pato ao molho reduzido de Merlot, acompanhado de polenta mole) e magret de canard ao molho de mostrada Dijon e mel. Para acompanhar, dois vinhos  do novo mundo (franceses muito caros!): um Catena argentino, seguido de um Montes Alpha Cabernet Sauvignon.

De sobremesa, profiteroles com sorvete de creme e um mix degustação com 6 mini sobremesas. Café e a conta (cara, quase 600 paus) garçon, por favor. Nada mau para um sábado a noite que quase terminou em pizza.

La Casserole - Largo do Arouche, 346 - Centro - São Paulo

Boa pedida

Finalmente resolvi conhecer o Maní, celebrado resturante da chef Helena Rizzo, considerada uma das grandes representantes da cozinha brasileira da nova geração (existia a velha geração?).
É uma ótima proposta, baseada num conceito sustentável, dos móveis de madeira certificada ao cardápio com produtos orgânicos. As opções criativas chamam a atenção, da entrada à sobremesa. O couverte é excelente, com pães deliciosos e um biscoito de polvilho com sal grosso muito, mas muito bem feito.
Experimentei um ovo perfecto para começar. Ovo cozido lentamente a 63 graus, por duas 2 horas e meia, banhado em espuma de pupunha. Gostoso, mas não arrancou suspiros deste amante de ovos bem feitos.
No prato principal, mandei uma pescada amarela ao forno, com terrine de batatas, cebola e tomates. Muito gostoso, regado com um suave vinagrete de alho e alecrim. O peixe estava no ponto perfeito, muito perfumado. Harmonizaria muito bem com um Chardonnay, se vinho houvesse na casa... taí o pecado número 1.
A Fernanda pediu um talharim de pupunha com parmesão a azeite trufado. Adorei a pedida. Muito bem feito, suave e no ponto exato, talvez com um dedo a menos de azeite do que seria desejável.
De sobremesa, rachamos o ponto alto do almoço (aliás, a casa tem menus diferentes para o almoço e jantar): uma composição de bananas carameladas, com gelatina de gengibre, farofa de rapadura, doce de leite e sorvete de açaí (acho que é isso aí, se não esqueci nada...). Parace uma mistureba, mas é bom prá caramba. Delicioso com um café bem forte para acompanhar.
Pecado número 2: atendimento meio atrapalhado no dia escolhido (um sábado comum, sem jogo do Brasil nem nada). Nosso prato foi "esquecido" e, entre a entrada e a chegada do meu peixe, passaram-se bem uns 45 minutos. Na mesa ao lado, problemas "audíveis" com o ponto da carne... Espero que sejam apenas "azares" de uma tarde de inverno. Na conta geral, é um resurante que merece repeteco.

Maní - Rua Joaquim Antunes, 210 - Jardim Paulistano - SP