terça-feira, 8 de março de 2011

Barro no Carnaval

Bom, dizem que o Ano só começa depois do Carnaval... Não foi bem assim comigo este ano, mas outro dia fui nos favoritos do meu explorer e vi o Melhor do Mundo lá, quietinho, inerte desde Novembro do ano passado. Resolvi abrir os trabalhos.

Hoje eu tive uma experiência gastronômica interessante e diferente. Um prato regional típico, daqueles que só de ler a maneira do preparo dá vontade de comer. Vou começar por ela... Utiliza-se uma panela de barro e dizem, melhor se for no fogão a lenha, coloca-se um monte de carne bovina lá dentro (não precisa ser nobre, é bom que tenha um pouco de gordura), cebolas, bacon, lingüiça, louro, cominho, pimenta vermelha, sal, pimenta do reino e alho. Depois de todos os ingredientes na panela, água até cobrir tudo, tampa e, em volta da tampa, uma mistura de farinha de mandioca, água quente e cinza (!?), pra selar tudo lá dentro. E fogo. Só que é aí que está o detalhe: isso tudo tem que ser feito pelo menos 12 horas antes de se servir... Esse é o Barreado, um prato típico do interior do Paraná. Para ser saboreado, eles ensinam o modo de preparo do prato com farinha de mandioca misturada à carne, já no prato e acompanhado de arroz e banana.

A capital do Barreado, dizem, é a cidade de Morretes, uns 40 ou 50 minutos de Curitiba, um pouco antes do Porto de Paranaguá. Fui lá conferir a iguaria, servida em (acho eu) qualquer um dos vários restaurantes de lá (a cidade é minúscula). Foi aí que errei. O que comi foi num dos restaurantes turísticos (a turma e a situação não me deixaram fazer uma exploração mais completa da cidadezinha). Estava bom, mas sinceramente esperava mais. Tenho certeza de que este prato pode entregar algo extraordinário.

O restaurante onde fui se chama Madalozo, fica do lado da ponte de ferro, um dos ícones da cidade.

Mas para isso inventaram as motos. Volto lá de moto para curtir a descida da serrinha que, por sinal, tem uma bela estrada! E aí vou fazer a pesquisa com calma. Essa cidadezinha com certeza tem seu tesouro escondido.

Madalozo - Rua Almirante Frederico de Oliveira, 16, Morretes, Paraná - 41 3462-1410

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Nou, nou...

O Nou é um pequeno restaurante localizado em Pinheiros, perto do Pirajá e do Brigadeiro. Tem um cardápio interessante, bons preços e é bastante concorrido no almoço, nos dias de semana.

A proposta não é original: comida de bistrô, variada sem ousadias, mas relativamente bem executada pelos cozinheiros da casa. É uma oa opção para um executivo mais sofisticado, sem cometer atentados contra o bolso. Mas não espere suspirar de alegria com um menu desgustação surpreendente: é básico, com algum charme.

A entrada foi uma saladinha de folhas com molho mostarda. Ponto. Acompanhou uma torrada com alichela (ou algo assim) que dormiu no forno alguns minutos a mais do que deveria. Ou era de ontem...

O prato principal foi um risoto de limão siciliano com milanesa de vitela. A vitela estava deliciosa, crocante e bem macia. Salvou o prato. Mas o risoto veio seco e duro, imperdoavelmente fora dos padrões para um prato tão simples. Como sobremesa, abacaxi com raspas de limão. E daí?

Bom, até pela frequência jovem e bonita, pelos preços razoáveis (algo em torno de 60 per capita, sem vinho), vale como opção executiva para uma sexta feira sem maiores pretensões (ou inspirações).

Nou - Rua Ferreira de Araújo, 419 - tel 2609 6939

Uma proposta diferente

Baixei no Vito para um almoço executivo (de 3 horas...), matando a vontade de conhecer o trabalho do jovem chefe André Mifano. O restaurante é minúsculo, não dá para ir sem reserva, não tem manobrista e oferece um cardápio autoral que vai do óbvio (como pasta com molho de tomate e majericão) ao inusitado.

Fui de inusitado, claro. De entrada, a grande vedete do dia: polenta branca italiana com gema mole, gran padano e azeite trufado (uniqueness). Vale voltar lá só pra comer de novo. Adoro poleta, deve ser coisa da infância (dizem, e eu acredito, que nossa memória gustativa da primeira idade dita nossos gostos culinários pelo resto da vida). Mas essa polenta estava muito boa, mesmo.

Como prato de resistência, pedi a famosa barriga de porco com risoto de maça verde. Gostoso, saboroso, mas pesou um pouco pelo resto do dia. E o risoto estava menos molhado do que deveria, para o meu paladar. O detalhe é o manual de instruções ditado pelo garçon quando serve o pedido - "o chefe recomenda que não tempere a salada, que pique o torresmo com as mãos sobre o risoto, para dar crocância ao prato", entre outras bobagens.

Um honesto tinto italiano (pedido por um amigo, em taça, não me lembro o nome), completou o cardápio. De sobremesa, pedi uma inusitada torta de aborinha com glacê, regada com azeite. Interessante, mas um tanto pesadinha.

Como convidado educado que sou, não vi o total da dolorosa conta, mas calculo que girou em torno de 80 paus por pescoço, o que é razoável.

Vito - Rua Pascoal Vita, 329 - tel 3032 1469

Grelha de primeira linha

Merecidos os prêmios oferecidos ao Varanda Grill como uma das melhores churrascarias de São Paulo. Eles pilotam muito bem a grelha a carvão e trabalham com carnes de primeiríssima linha.

Quando abri o cardápio e bati o olho nas diversas variedades de kobe beef, fiquei macho e ensaiei um pedido ousado. Mas o bolso pinicou por baixo da calça e eu fiz uma retirada estratégica para o lado menos ofensivo do cardápio. Não dá pra pensar em pagar até 300 reais por um bife metido a besta, ainda que (provavelmente) valha cada centavo.

Como sou um pesquisador gastronômico amador, resolvi cravar o pedido em um menu básico comparável com o Rubayat, o concorrente mais famoso. Fui de picanha nobre, arroz biro-biro e batata sauté. A carne empatou: as casas se equivalem, no meu paladar, como detentoras do título de melhores do Brasil no quesito. A batata sauté do Rubayat é melhor, mais viva. E o biro-biro do Varanda (uniqueness) ganhou do seu criador mais famoso: mais molhado, saboroso, crocante. Foi a surpresa do dia.

Mandei um Catena Malbec pra acompanhar, meia garrafa, e a harmonia se fez, como esperado. De sobremesa, um mix de doces que não deixou lembranças. O café me fez pensar que o Rubayat ainda está um dedo à frente, mas relevei.

A conta doeu: 300 pilas, para dois, sem muito choro. Os preços de SP, como já postou o João, estão abusivamente indecentes.

Varanda Grill - Rua General Mena Barreto, 793  tel 3887 8870.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Overpriced

Não sei qual é a melhor tradução para essa expressão em Português, acho que vou com o bom e velho "caro"!  Ontem, no "afã" de explorar e descobrir algum canto novo em SP, fui experimentar o tal do Serafina.  Filial da rede norte americana que faz o maior sucesso em Manhattan - veio pra SP meio que nem o PJ Clark's.  A principal diferença, na minha opinião, é que neste caso os gringos quiseram tirar o pé da lama.

Recentemente uma reportagem comparava os preços do Serafina tupiniquim com os do original.  Claro, os mais ricos pagam mais, ou seja, os daqui são muito mais altos!  A justificativa?  A mesma da indústria automobilística: impostos...  Mas assim como na indústria automobilística, fazendo-se as contas, percebe-se que os impostos são altos, mas o mais alto mesmo é a vontade de ganhar uma bela margem.

Ontem eu estava básico e resolvi comer um gnocchi com grana padano.  Estava bom, mas o grana padano passou longe dali.  Bebi um honesto malbec argentino e comi uma focaccia de entrada.  Por este banquete paguei R$100,00 a cabeça.  Aparentemente, pela fila de espera de ontem, a maioria não pensa como eu.

E eu achando que uma refeição de 100 Euros na Itália era cara.  Lá, pelo menos, o prato vinha coberto de trufas e o vinho era um Brunello.  O negócio é mesmo abrir um restaurante.  Soderi, pelo amor de Deus!!

Serafina - Alameda Lorena, 1705B, Jardim Paulista, São Paulo

sábado, 30 de outubro de 2010

O Clássico dos Clássicos (fora o Polpetone)...

Como ainda estou pensando em como vou categorizar as experiências que passei na Itália, resolvi dividir aqui uma experiência simples, na verdade, um tira teima que tive a oportunidade de realizar.  Bom, fora o Polpetone do Jardim de Napoli, quando penso num clássico de origem italiana, a primeira palavra (ou nome) que me vem à cabeça é "Alfredo".  Combinado com Fetucine, forma uma denominação quase mitológica.  O Fetucine Alfredo é muito, muito famoso no mundo inteiro, mas ao mesmo tempo representa uma grande confusão...

A começar por Roma, não dá pra saber realmente onde ele surgiu.  Uma das histórias diz que o Alfredo, em 1914 estava super preocupado com sua mulher, grávida, que não conseguia comer nada.  Ele então misturou três ingredientes básicos: fetucine feito com ovos, manteiga e queijo parmesão.  Segundo a historinha, era tão simples, tão genial e tão saborosa a combinação que nem a mulher dele resistiu.  Essa é a história contada em um dos endereços.  No outro endereço, claramente de dono diferente, não tem a historinha, mas eles dizem estar lá desde 1907 fazendo o tal fetucine.  Vai entender.  De qualquer forma, o escolhido foi o segundo, por parecer mais sério e menos "turístico" do que o primeiro.

Vamos ao que interessa (ou não).  A receita original, ao contrário do que se come normalmente em qualquer restaurante que tem o prato no cardápio (não é difícil encontrar um), leva somente estes três ingredientes numa ordem específica de preparo.  Não tem nada de creme de leite cozido na panela, bacon ou qualquer outra coisa que não seja macarrão, manteiga e queijo parmesão de primeira.  Vem tudo separado em uma travessa e a mistura é cuidadosamente feita pelo garçom já na mesa.  Para dar certo, a manteiga tem que ser leve (batida na hora, a partir de creme de leite fresco), o queijo tem que ser de primeira, ralado bem fino (nada de saquinho, pelo amor de Deus!) e o fetucine tem que estar fervendo!

É bem simples e, tenho que concordar, genial.  Uns dois anos atrás, eu fiquei obcecado por este prato, pesquisei, li, procurei e consegui reproduzi-lo em casa - não é difícil, só tem que ser feito com cuidado.  A grande diferença do original fica por conta de dois detalhes: o queijo, que no caso deles é um parmigiano regiano (dá uma dó ralar um queijo assim aqui em SP) e a massa, que é fresca e muito, muito fina.  Portanto, com bastante vontade, dá pra fazer igual, sem ter que ir pra Roma.  Claro que tem o charme do lugar, as fotos dos atores, atrizes, artistas incrivelmente famosos que passaram por lá, mas vamos combinar: o que importa mesmo é a comida.

O sorriso de satisfação alcançado é o mesmo que se observa depois de comer um Polpetone.  Portanto, são dois pratos que, na minha opinião, levam ao nirvana gastronômico...

Alfredo alla Scrofa - Via della Scrofa 104/a 00186 Roma

terça-feira, 12 de outubro de 2010

De Volta em Grande Estilo!

Peço desculpas de antemão aos incautos leitores do nosso humilde blog por postar algo que não seja de SP, do Brasil ou, vejam só, da América (seja ela do Sul, do Centro ou do Norte)!  Mas hoje tive uma daquelas experiências gastronômicas que redefinem o ser!  Coloquei na minha cabeça que só no final desta viagem, após o retorno para o meu sagrado lar, eu postaria sobre experiências e impressões da Itália.  O que eu estou prestes a descrever realmente me tirou do centro e DEMANDOU com letras maiúsculas, assim mesmo, um relato imediato!

Estou, há exatos 10 dias, realizando um sonho antigo: descer a Itália de carro, partindo do Norte, indo até o Sul.  Cumprirei metade deste sonho, percorrendo metade dela, até a altura de Roma (mais ou menos a metade mesmo, é só olhar no Google Maps).  Bom, desde o dia 10, saí da Ligúria e entrei na Toscana, parando em primeiro lugar em Firenze.  Confesso que minha expectativa para a Toscana era alta, esperando comer os mais fantásticos tipos de macarrão com os mais espetaculares molhos jamais experimentados - e até agora, isso aconteceu, principalmente experimentando algumas massas típicas de cada região (mas isso é assunto para outro post).  Nada, nada mesmo, me preparou para o que eu acabei de viver: a Bisteca Fiorentina!

Meu Deus!  Esse é um post épico, portanto vou abusar dos adjetivos e adjuntos adverbiais de intensidade!  Para quem não sabe (e sério, se não souber, pode parar de ler o post e seguir para outro tipo de leitura, ou assistir novela, Big Brother, sei lá), a Bisteca é um T-Bone.  Como todo bom T-Bone, é cortada com grande espessura e tem bastante gordura entremeada - crua, chega a parecer um pedaço de mármore.  Mas só parecer, porque na verdade essa característica é o que dá a ela o potencial de ser uma das carnes mais macias!  A gordura também tem outro propósito prático: deixar a carne extremamente saborosa!

Bom, a aventura de hoje começa com as indicações de duas pessoas: o Rogério, grande amigo e apreciador do Pasquale (um dos restaurantes preferidos do nosso blog) e do Edo (Edoardo), dono da pousada onde estamos aqui em Firenze.  Rogério mencionou a tal Bisteca quando eu disse que vinha para a Itália e o Edo, logo que chegamos aqui, sugeriu a Osteria Godò para o "dia da carne".
Aceitamos a sugestão por ser de um local, e que aparentemente não é turístico numa cidade tomada por hordas nervosas deles.  E na primeira impressão já sabia que tinha ido ao lugar certo!  Começamos bem o jantar quando a garçonete que estava nos atendendo começou a pedir desculpas e explicar que não tem como fazer a bisteca bem passada - aliás, acho que qualquer hora vou fazer um post só pra explicar a todos que gostam do "bem passado" o valor nutricional que se perde, sem falar do sabor!  Ok, nem precisei responder, só com o meu sorriso ela já sabia que estava falando com um cliente experimentado na arte da carne vermelha nervosa.
Pra acompanhar, uma porção de batatinhas ao forno, com azeite, sal e alecrim e um belo...  Brunello!  Se estava harmonizado ou não, eu não sei, só sei que estou na Itália, vou beber todos os Brunellos que puder!  Este, no caso, era um Caparzo 2005 - Espetacular!!
Bom, eis que vem a marvada!  Uma pintura, tão bem montada, suculenta, linda, que quase não tive coragem de garfá-la.  1, 2, 3, passou...  Garfei o primeiro pedaço, coloquei no meu prato, um pouco de pimenta aromática (direto do moedor) em cima e...  Meu DEUS!!!  Derreteu na boca...  Me lembrei do Jun Sakamoto dando o depoimento de que o sushi deve "se mexer" quando você o põe na boca.  Pois bem, foi praticamente o que aconteceu com aquele pedaço maravilhoso de carne vermelha, suculenta, farta, perfeita.  Antes do massacre, porém, tirei uma foto para compartilhar com todos aqui:
Mais um pouco e por pouco eu não ponho o osso todo na boca só para ter certeza de que não sobrou nada, que nem um grama seria desperdiçado!  Sonharei com essa carne por anos a perder de vista!  Foi uma experiência como poucas, soboreada com calma, com carinho.

E para terminar, como eu fui o responsável por grande parte da trituração de tal dádiva culinária, minha digníssima esposa ainda tinha espaço e disposição para a sobremesa.  Como eu já não estava em condições de raciocinar, quem dirá entrar num embate sobre as calorias recomendadas para o jantar, ela pediu um milfolhas com morangos e creme Inglês.  Também coloco a foto dele aqui, porque na opinião deste humilde fã da gastronomia, não me lembro de ficar tão tentado a comer um doce agressivamente:
Morangos frescos, massa milfolhas leve e estalando de crocante, creme amarelo vivo.  Simples, maravilhoso, delicioso!  Nessa hora achei que fosse ter que chamar o resgate para me trazer de volta ao hotel.

Pra finalizar e começar a preparar o espírito para a caminhada de 1,5km de volta (nem pensar em taxi, na verdade a vontade era de correr uma maratona), um espresso italiano - outro capítulo à parte, provavelmente um post só para falar disso - curto, quente, concentrado, saboroso.

Corpo fechado.  Ser redefinido.  Nunca mais serei o mesmo.  E isso porque só estou começando a Toscana.   Não sei se volto vivo!

Osteria Godò - Piazza Edison, 3/4r - Firenze - www.godofirenze.it

domingo, 19 de setembro de 2010

Repeteco gostoso...

O restaurante mais repetido nos dois anos de vida deste blog é o Pasquale. Motivos vários pra isso tenho: comida boa, ambiente agradável, espaço de reunião de amigos e uma história da qual tive o privilégio e a honra de participar com frequência e intromissão quase inconvenientes em vários anos de amizade com Pasquale Nigro, carcamano, filho da Puglia.

Pois volto hoje para registrar mais uma estrela para a minha cozinha do coração, eleita pela 4a. vez a melhor cantina italiana de S. Paulo. A Vejinha está nas bancas, o Pasquale continua em Pinheiros. Nos vemos lá (de onde escrevo este post, neste instante, brindando com vinho italiano e comendo uma sopressata ao lado do dito cujo, às portas fechadas, privilégio que não abro mão).

Salute, Pasquale!

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Due celebrazione

Meu melhor presente de aniversário foi um jantar no Due Cuochi Cidade Jardim, no último dia 3 de setembro, com a Fê, a patrocinadora, e um casal de amigos muito queridos. Levantei um brinde para os meus 44 anos no melhor restaurante de São Paulo, na minha opinião. De quebra, registro e celebro neste post comemorativo os dois anos deste blog amador.

O Due Cuochi dispensa apresentações. Foi minha primeira vez na unidade do shopping cidade jardim, bem melhor estruturada que a "matriz" da Manuel Gudes (apertada, poucas mesas). Em boa companhia, sem pressa, degustamos um banquete de 3 horas, com direito a entradas, prato principal, sobremesas e duas excelentes garrafas de vinho.

Começamos com brusquetas, deliciosas, que complementaram um couvert farto, com pães maravilhosos e um patê de azeitonas e trufas que mal cabe na boca.

Entre os pratos principais, generosamente compartilhados à mesa, destaco o carré de cordeiro com batatas gratinadas, aspargos e molho de ervas, que não foi o meu pedido. Fui no tradicional e irresistível cordeiro com polenta trufada, divino como sempre. Combinou muito bem com o Barollo que acompanhou a refeição.

A sobremesa teve meu bolo de aniversário (torta mousse de chocolate com frutas vermelhas) e um ótimo petit gateau de limião siciliano com sorvete de baunilha. Recomendo fortemente!

Pelos dois anos deste blog e pelos meus 44 anos muito bem vividos, um brinde: SAÚDE!

Due Cuochi Cusina - Av. Magalhães de Castro, 12000 - Shopping Cidade Jardim

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O Rio de Janeiro continua lindo

Rio de Janeiro com sol reduz um pouco as chances de incursões gastroexploratórias mais elaboradas. Fica-se na praia um tempão e mata-se a fome com mais simplicidade. O Rio com chuva torna o roteiro gastronômico quase que opção única. Pois choveu dia e noite...
Café da manhã de hotel (um prazer quase que obsceno apreciar o chapeiro manejando um omelete com precisão e destreza....), almoços tardios e jantares quase madrugadores foram a tônica de um fim de semana carioca cheio de frio e de chuva.

Primeira noite, pouca inspiração, experimentei o Gula Gula, um fast food meio metidinho com unidades em dois ou três bairros cariocas. Visitei o de São Conrado e achei uma proposta pretenciosa e supervalorizada (é citado em guias como uma opção boa e barata). Classifico como razoável e caro pelo que oferece. Caesar salad normal, fettuccini com tomate e manjericão e uma taça de tinto para ajudar a descer, 60 paus por cabeça. Não é pra tanto...
Pelo menos a sobremesa foi compensadora, em outro lugar. Fui a um quiosque do Mil Frutas e cometi duas mega caloróricas e estupendas bolas de sorvete, uma de chocolate com raspas de laranja, outra de beijinho (o doce!). Sensacional, como sempre.

No almoço do dia seguinte, fui de boteco: para não errar, enfileirei uns 10 chopps no Bracarense do Leblon, e comi seus ótimos pastéis entre um gole e outro. Mandei ainda um filé ao alho com arroz e brócolis, que me pareceu perfeiro pelo estágio etílico em que me encontrava.

Para jantar, bem de noitinha, fui conhecer a CT Brasserie, do Claude Troisgros, também em São Conrado. Lugar agradável, apesar de estar dentro de um shopping center, com uma cardápio bem interessante e carta de vinhos honesta. Pedi um filé de pargo grelhado com tomate confit e vinagrete de limão siciliano. A Fe pediu um risoto de brie, jamón e rúcula. Ambos os pratos muito bem feitos, sofisticados no preparo e na apresentação. Tomamos um Chablis ler Cru Montmain 2008, delicioso, que hamonizou perfeitamente com o peixe que pedi.

Por fim, fechei minha passagem carioca com um almoço de boteco. Revisitei o antigo e tradicional Belmonte, no Jardim Botânico, onde come-se um dos  melhores salgados do Rio, na minha opinião. Ao invés de ficar só nas empadas e risoles que sempre gostei, fui me meter a pedir um filé a parmegiana e (quase) dancei. Não sei se é tradição carioca ou coisa assim, mas eles cometem dois crimes no preparo do prato: metem presunto na receita e temperam o molho de tomate com uma dose cavalar de cominho (!), termpero que transforma qualquer coisa em outra diferente do que deveria ser (a exemplo do excesso de coentro da cozinha nordestina clássica). Enfim, nem sempre se acerta em tudo, mas o Rio de Janeiro vale a viagem. E continua lindo e gostoso.

Nota do fim de semana: se temos a pretensão de sediar Jogos Olímpicos e Copa do Mundo no Rio de Janeiro, a cidade tem que passar por uma revolução nos serviços que oferece. Da locação de carros às informações nos aeroportos, táxis, trânsito, passando pela capacitação dos funcionários de hotéis e restaurantes, tudo, mas TUDO mesmo necessita de mudanças radicais na qualidade do que é oferecido. O nível dos serviços, com, raríssimas exceções, está nos patamares de Uganda ou do leste da Namíbia.

Gula Gula - Estrada da Gávea, 899 - 2o piso (SCFM) - Rio de Janeiro
Bracarense - Rua José Linhares, 85 - Leblon - RJ
CT Brasserie - Estrada da Gávea, 899 - 3o piso (SCFM) - Rio de Janeiro
Bar Belmonte - Rua Jardim Botâncio, 617 - RJ