
Saiu a edição Comer & Beber 2008 da Vejinha e o Pasquale foi eleito, pela 2a. vez, como a melhor cantina de SP. Mesmo considerando injusto eleger um único resturante como melhor em cada categoria (afinal, cada um deveria ter o seu uniqueness), acredito que, nesta categoria, os palpiteiros da Veja SP acertaram na escolha.
Pasquale Nigro é genial. Pilotando seus fogões, recebendo as pessoas no seu restaurante ou compondo sambas na Pérola Negra, este italianinho filho da Puglia é uma peça raríssima. O diminutivo, aqui, não é pejorativo. Ele mesmo conta que sua formação cultural tem muito a ver com o que viu e viveu quando chegou ao Brasil, ainda criança, no pós guerra. Quem não era da "pura elite paulistana" era "inho": italianinho, japonesinho, negrinho...
Com os negrinhos, pegou gosto pelo samba e virou ícone na Vila Madalena. Co-fundador e autor do hino da Pérola Negra, tem mais de 30 sambas compostos e nunca gravados. É um Adoniram que não saiu do gueto. Entre os seus, os italianos de todas as partes da bota, afinou o gosto pela culinária simples e saborosa. Como tantos outros oriundi, meteu um avental e começou a cozinhar pra fora.
No começo, fazia embutidos. Vendia as sopressatas e camponatas para fazer parte das receitas & couverts dos grandes italianos de São Paulo. Depois de muita insistência dos amigos, abriu as portas da fabriqueta e transformou meia dúzia de mesas de um sobradinho na Cônego Eugênio Leite num restaurante de sucesso. Poucos anos depois, na Amália de Noronha, em Pinheiros, tem que colocar a mulher, dona Cleide, para organizar as intermináveis listas de espera, inevitáveis nos finais de semana.
O segredo do Pasquale, na minha modesta opinião de admirador e amigo, é a paixão com que encara a arte de cozinhar e receber as pessoas. No fogão, é simples e tradicional. Não trabalha um cardápio cheio de sofisticações e modernismos. O Thermomix passa longe da sua pia. Faz tudo sair da copa com o gosto que memorizou da sua infância. Por isso é bom. E é bom também como RP. Sabe receber as pessoas. É grosso e reclamão, como um personagem caricato de Pirandello. E é doce e simpático como uma "nonna" de barbas brancas.
Aos meus amigos deste blog, recomendo o Pasquale. Ao meu amigo Pasquale, meu abraço pela nova conquista. Mas, cazzo, não aumenta os preços de novo.
Pasquale: Rua Amália de Noronha, 167 - Pinheiros