segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Empório, Mercearia ou Restaurante?

O Empório Alto dos Pinheiros tem cara de mercearia sofisticada, mas é na verdade um belo restaurante. Fica numa rua movimentada, com vizinhos famosos (Bráz, Pirajá...), e sem chamar a atenção já conta com uma clientela fiel. Ao primeiro olhar, você não sabe ao certo se está entrando numa padaria daquelas que servem café da manhã. Com um pouco mais de cuidado percebe que não há pães. E quando deixa de olhar para as prateleiras cheias de produtos importados, daqueles difíceis de se encontrar no super mercado comum, percebe as mesas espalhadas por todo lado.

Uma bela surpresa para o Sábado, fui lá despretensiosamente, sem esperar muito. Saí muito, muito feliz. A comida é sofisticada, mas em boa quantidade. Experimentei o picadinho (ponta de faca, arroz, ovo poché e farofa), lugar comum, mas feito com capricho e deliciosamente saboroso. Também experimentei os cubos de filet mignon ao molho puxado no vinho com gnochis de semolina gratinados com parmesão - nem preciso dizer mais nada. Na nossa mesa ainda foi pedido um filet ao chimichurri que já está em primeiro na lista da minha próxima visita.

E além de tudo isso eles contam com uma excelente carta de cervejas artesanais nacionais. Tem desde cerveja de Ribeirão Pires, passando por Ribeirão Preto, Blumenau e Porto Alegre dentre outras. Muito bom, dá vontade de experimentar todas.

E por fim, ainda dá pra encomendar comida lá e levar pra casa pra um almoço ou jantar especial. E também eu preciso adquirir o saudável hábito de fotografar a fachada dos restaurantes agora que eu dei um up no celular...

JLN

Empório Alto dos Pinheiros - Rua Vupabussu, 305 - Alto de Pinheiros

Las Papas Quiméricas

Seguindo a fase Porteña do nosso Blog, não é novidade que nos últimos anos São Paulo descobriu com vigor uma de suas vizinhas de continente... Ou será que foi Buenos Aires que descobriu São Paulo? O fato é que hoje compartilhamos tanto, que se tornou fácil comer um bom bife de chorizo ou um alfajor Havana. Bom pra todo mundo, já que ambos são maravilhosamente deliciosos.

Foi outro dia que conheci um pequeno restaurante chamado O Bárbaro e, junto com ele, uma combinação de carnes maravilhosamente bem preparadas com uma alternativa às "papas fritas" ou ao "puré de papas". Chama-se "Papas Quiméricas" - uma massa de batatas em formato redondo, gratinada com queijo parmesão e recheada com requeijão e gorgonzola. Recomendo. A opção de carne, nas duas vezes que fui lá, foi o Bombom (um tipo de filet mignon com sabor puxado para o contra filet feito na brasa - de babar). Mas eles contam com toda a tradicional "carta de carnes argentina".

JLN

O Bárbaro Restaurante - Rua Doutor Sodré, 241A

sábado, 6 de dezembro de 2008

Não fui e não gostei - Espuma??

Eu poderia fazer uma sequência longa de posts "Não fui e não gostei" dos restaurantes da rua Amauri. Na minha humilde opinião, muito mais pra fazer um social do que pra comer - a impressão que eu tenho é que quem vai lá, não gosta realmente de comer.  Mas infelizmente, em alguns deles, já tive que colocar os pés, afinal, vira e mexe alguém resolve comemorar o aniversário lá, ou algo do tipo.

Acho que o que me incomoda mais lá é o fato de estar repleto de estabelecimentos que, para compensarem a falta de talento, ou de paciência, têm como sócios figurinhas carimbadas das colunas sociais.  Eles chamam os amigos, outras figurinhas carimbadas das colunas e, logo, tem um monte de gente indo lá querendo virar figurinha carimbada e pouco se importando se a comida é boa ou ruim.

Mas tudo bem, enquanto eles ficam fechadinhos lá, não estão atrapalhando ninguém, vai quem quer. O problema é quando eles começam a querer se espalhar pela cidade, ainda que perto de lá...  Pois bem, li sobre um restaurante novo, chamado Maní. O autor do texto começava falando sobre a qualidade dos chefs e coisas do tipo, o que não necessariamente significaria algo ruim, até o momento em que citou o João Paulo Diniz (praticamente o dono da rua Amauri) como sócio e, pasmem, a Fernanda Lima! Bom, não vou me alongar muito mais, mas catsso, o que a figura entende de comida??  Se fosse um restaurante de alface, vá lá... E ir a um restaurante cujos donos não são absolutos amantes da arte de cozinhar ou de servir, tô fora!

Só pra finalizar, o texto ainda falava um pouco dos pratos, com releituras de coisas tradicionais pela cozinha desconstrutivista...  Espuma de tucupi?  Faça-me o favor!

Não fui e não gostei!

JLN

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Não fui e não gostei


Proponho aqui mais um espaço de reflexão neste pretenso blog. Desta feita, não vale escrever do que se experimentou, com gosto ou desgosto, recomendando ou rejeitando. O alvo aqui é re-percutir (variante repercussão, percussão; como bater em bumbo - ou, em tradução livre, em quem a gente quiser bater) o que se publica, fala ou propagandeia neste mundo de meu deus, tão cheio de experts, guides, prizes & inaugurações gastronômicas.

Inauguro o "não fui e não gostei" com um evento ilustrativo e atual, para dar o clima.

Não fui e não gostei da Semana Mesa SP. Desembarcaram por aqui os pelés da gastronomia contemporânea, como Ferran Adriá e mais 16 chefes espanhois igualmente estrelados. Fizeram palestras, discutiram o futuro da gastronomia, deram até uma lambuja para o Alex Atala, único brasileiro subir na mesma onda que os demais convidados. E cozinharam para poucos. Inventaram o tal Jantar do Século, com 19 pratos especialmente criados pelos fodões para uma única noite inesquecível. Leiloaram os convites, com lance inicial de 5 mil pratas por cabeça. Lotou. Vai sifu! Eu não fui e não gostei.

Perdi a oportunidade de comer espuma de abóbora com microlascas de alface congelada em hidrogênio líquido e mais uma infinidade de BOBAGENS que pouco têm a acrescentar ao prazer de se comer bem.
Semana que vem eu detono o Jun Sakamoto e seu sushi de ouro. Aliás, vou detonar a gastronomia japonesa - para mim, uma contradição em termos.
Por fim, seria ótimo ser contestado neste espaço. Criar polêmica traz vigor ao cotidiano.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Buenos Aires é aqui

Tem um restaurante muito simpático em Embu das Artes, a pouco minutos de SP, especializado em cozinha argentina. Leia-se parrilladas & congêneres. É o Bar Buenos Aires.

O lugar é simpático, o atendimento é fora-de-série. O cardápio é simples, mas cheio de surpresas que se renovam a cada semana. Volta e meia eles oferecem pratos típicos argentinos, como o Locro e a alguma variante do matambre portenho, e convidam os clientes a uma viagem gastronômica muito bem executada.

No cardápio do dia-a-dia, prevalecem as carnes com cortes especiais, como os tradicionalíssimos bifes de chorizo e ancho, acompanhados de saladas variadas e de uma batata a provençal (Unq) de tirar o chapéu. A carta de vinhos é pequena, mas honesta. E as sobremesas são especiais, feitas pela chef Laurane Cerullo, expert no assunto.

Na outra ponta da cozinha está Hugo Ibarzábal, chef argentino que trouxe a receita das boas empanadas para o Brasil e tornou-se conhecido no Martin Fierro, da Vila Madalena, de onde saiu para abrir o seu Buenos Aires do Embu. No atendimento, ao lado do Hugo, está a simpatissíssima Alejandra, que pilota as mesas e recebe as pessoas com maestria (na foto do post, ela e o Hugo "acolhem" meu filho Guilherme, que já aprovou o bife ancho da casa)

As empanadas do Hugo são outro ponto fora da curva deste restaurante. Esta crítica eu deixo para o João de Lorenzo, que complementa e fecha este post.

Foi no Chile meu primeiro contato com as empanadas.  Experimentei e me apaixonei pela Empanada de Pino, como eles chamam por lá.  Massa fininha, assada no forno de pedra com recheio de carne em ponta de faca, um molho puxado na própria carne bem grosso com cebolas, temperos verdes, azeitona e ovo.  Uma delícia!!

Mas desde que se iniciou meu contato com os Argentinos, ouço dizerem que eles fazem as melhores empanadas (até aí, ouço também que eles têm o melhor futebol, o que é claramente uma "inverdade").  Até conhecer este pequeno restaurante do Embu, ainda tinha saudades das Empanadas Chilenas...  Não passo mais vontade, muito pelo contrário, fora todas as delícias já citadas pelo Soderi, a Empanada do Bar Buenos Aires (Unq) sozinha já vale a visita.

Bar Buenos Aires - Rua da Matriz, 62 - Embu das Artes - SP (http://www.restaurantebarbuenosaires.com.br) - UR=2

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Os Tomates do Vesúvio

Quando essa pizzaria apareceu em SP foi um frisson...  A Veridiana era o lugar pra ver e ser visto, o que me manteve bem longe de lá.  Por muita insistência de amigos, fui num Domingo e conforme previsto, me arrependi.  Tinham um sistema de espera horrível, para cada tamanho de mesa (2, 4, 6 lugares) eles tinham uma recepcionista.  Aí uma ficava competindo com a outra e ninguém com mais de 4 pessoas sentava.  Resultado, fiquei quase 2 horas e meia em pé, sendo visto. Quase risquei definitivamente do meu mapa.

Passado o frenesi e com outro endereço da mesma casa, agora posso recomendar.  Mas recomendo por um sabor de pizza específico.  Chama-se "Campeoníssima" (Unq), massa média (a da casa), bastante molho de tomate, ricota fresca e bem molhadinha e vários tomates cereja que, segundo indica o cardápio, vêm da região do Vesúvio na Itália...  Se eles vêm mesmo de lá ou não, não dá pra dizer, temos que acreditar, mas o fato é que o sabor da pizza é diferente, fica com um fundo azedinho, uma delícia! Vale várias visitas.

Ainda em tempo, a carta de vinhos parece ser muito boa e o Chopp é excelente.  Brahma bem gelado com pouquíssimas manifestações de carbono (nossa, falei difícil que as bolhinhas são bem pequenininhas) e colarinho bem cremoso.  Leve.

JLN

Veridiana - Rua Dona Veridiana, 661, Higienópolis e Rua José Maria Lisboa, 493, Jardins - UR=1

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Fumacê do bom


Tem um cara lá em Pinheiros que montou uma casa fora do convencional. A especialidade do Smoky Jô é o defumado. Ele defuma tudo - e fica bom pracacete. Chuleta, lombinho, picanha, linguiças, hambúrgueres e até arroz. Tudo defumado. Você pede uma carne, uma cerveja gelada (uma Nortenha, de 750 ml...) e se diverte.

O dono, o tal Jô, é uma figura ímpar, com sua cara de Papai Noel e bom papo. Tem duas ou três coisas que me chamaram a atençao no cardápio e que se confirmaram muito boas: a costelinha de porco e o arroz com salada de cebola. Apimentado no ponto, carne desmanchando do osso (com aquele gosto de defumado...). Vale a visita.


Smoky Joe - Rua Mourato Coelho, 25 - Pinheiros

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Hiper Inflação

A vida toda eu nunca fiz o tipo de economia que, na minha opinião, é a mais burra que se pode fazer: economizar comigo...  Nunca dispensei as saídas nos finais de semana pra comer bem ou os ingredientes pra preparar um bom risotto ou um mega churrasco.  Mas pela primeira vez na vida me vi obrigado a pelo menos pensar nisso!  Há dois finais de semana me assutei!  Parece que de uma hora para outra, assim, sem explicação (na verdade explicação há), os donos de restaurantes resolveram fazer parte da Haute Cuisine, pelo menos nos preços!  Qualquer risotinho de açafrão agora custa mais de R$50,00!!

Um final de semana que fez um estrago: 
Sexta Feira - Ráscal - Jantar pra dois, R$120,00 sem sobremesa!
Sábado - Almoço com amigos, meia dúzia de chopps + petiscos + filet à parmigiana no Genésio, R$80,00 por cabeça.  Jantar no Jardim Aurélia (pizzaria honesta na pizza, aniversário de uma amiga) - R$110,00 pra dois sem nada extraordinário (não bebemos muito, não comemos muito).
Domingo - Estava me sentindo pobre, desisti de sair!

Agora me vejo obrigado a tomar o maior cuidado para planejar o final de semana.  Será que todo mundo (menos eu) está ganhando muito mais ou vocês se sentem como eu?

JLN

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

"Não dá pra repetir" - Feijoada é coisa séria

Não dá pra ficar brincando com uma instituição da legítima culinária nacional. Nem vou ao extremo de comentar absurdos como feijoada de frango, feijoada light e outras invencionices de pouco sentido. O fato é que sábado é o dia mundial da feijuca e não tem restaurante de SP que ignore o prato no seu dia oficial. Nesta onda, o que inventaram tempos atrás - e pegou, ao que parece - é o buffet de feijoada, onde os pertences são servidos higienicamente separados em cumbucas de barro, mantidas aquecidas por fogareiros à álcool.
Aí começa o problema. Feijoada, pra mim, é aquela feita na véspera, cujo feijão preto (ainda é a estrela do prato, certo?) é cozido junto com os pertences do porco. Tudo servido junto, numa cumbuquinha generosa, curtida no tempero, aquecida no forno antes de ser colocada à mesa. Na hora em que os pertences são preparados e servidos separadamente (alguém aqui acredita que eles façam tudo junto e depois separem na raça?), a feijoada perde o sabor. E não tem conversa. Pode falar que melhor feijoada de SP é a do Rubayat, preparada e servida desta forma, mas eu sou TFP (Tradição da Feijoada Paulista). Por isso, assino embaixo da Feijoada do Bolinha, já postada neste blog.
Bom, indo ao ponto. Me meti a ir ao Churrasco´s (ok, ok, a troco de que fui a um resturante com esse nome e pedi feijoada...) e comi uma das feijucas mais insossas que já experimentei na vida. Servida separadamente em sistema de buffet, tinha gosto de isopor. Pra completar, custou caro (120 paus para duas pessoas, sem couvert e sem bebida alcoólica). Mas essa questão do preço dos nossos resturantes eu deixo para o comentário do João de Lorenzo, que já tem opinião formada sobre o tema. Não dá pra repetir...

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Itália, sempre a Itália!

É lugar comum em SP dizer que um restaurante italiano é bom.  E tem tantos, que mais difícil ainda é dizer que descobrimos um novo!  Pois bem, neste final de semana tive uma grata surpresa!  Fiz uma descoberta nesta área!  Seguindo a indicação de um amigo, fui a um simpático e minúsculo restaurante na Avenida Moema, chamado Café Toscano.

Simpático porque o próprio dono recebe os clientes, porque é todo aberto (parece uma varanda) e porque o cardápio é incansavelmente repetido pelas garçonetes (não tem nada em papel).  Minúsculo porque com três passos você está praticamente dentro da cozinha.  E delicioso porque há muito tempo eu não comia comida italiana caseira, saborosa e preparada com tanto cuidado.  Fui no básico, comi um gnochi ao sugo sem frescura, leve, temperado na medida certa, com bastante queijo parmesão e pão italiano pra limpar o prato depois!  Gnochi é um prato muito difícil, porque quaisquer 2 gramas de farinha a mais são suficientes pra deixar ele "massudo"!  Eu uso ele pra avaliar a competência do chef assim como a pizza Portuguesa nas pizzarias.  O do Toscano passou com louvor - há muito tempo eu não encontrava um lugar de confiança pra comer isso!

E infelizmente não sobrou espaço para a sobremesa, mas volto lá para experimentar!

JLN

Café Toscano - Av. Moema, 444 - Moema

Clássico é clássico. E vice-versa.


Me meti a pedir um polpetone num italiano badalado da cidade, dia desses. Nada melhor que uma experiência decepcionante para confirmar o que a gente acha que sabe, mas fraqueja na frente do cardápio e decide "checar". Não que o tal polpetone fosse ruim, longe disso. Mas está anos luz distante do clássico prato criado e mantido pelo Jardim de Napoli.

Já me sentei à mesa do Jardim pelo menos umas 20 vezes desde que me mudei para SP. Me lembro a primeira vez, em 84 ou 85, quando experimentei o prato famoso acompanhado de um Chianti mais-ou-menos. Dali prá frente, todas as vezes que voltei, pedi o mesmo prato. Não faço a menor idéia se tem algo lá que seja tão bom quanto o polpetone que lhe deu fama. Provavelmente sim. Mas nem quero experimentar.
Assim como não quero mais experimentar um prato ícone em outro lugar senão aquele que lhe deu a fama, como fiz (ou cometi) semana passada. A comparação é sempre cruel. Clássico é clássico, e ponto final.

Jardim de Napoli - Rua Martinico Prado, 463 - Santa Cecília

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Buona gente


Saiu a edição Comer & Beber 2008 da Vejinha e o Pasquale foi eleito, pela 2a. vez, como a melhor cantina de SP. Mesmo considerando injusto eleger um único resturante como melhor em cada categoria (afinal, cada um deveria ter o seu uniqueness), acredito que, nesta categoria, os palpiteiros da Veja SP acertaram na escolha.

Pasquale Nigro é genial. Pilotando seus fogões, recebendo as pessoas no seu restaurante ou compondo sambas na Pérola Negra, este italianinho filho da Puglia é uma peça raríssima. O diminutivo, aqui, não é pejorativo. Ele mesmo conta que sua formação cultural tem muito a ver com o que viu e viveu quando chegou ao Brasil, ainda criança, no pós guerra. Quem não era da "pura elite paulistana" era "inho": italianinho, japonesinho, negrinho...

Com os negrinhos, pegou gosto pelo samba e virou ícone na Vila Madalena. Co-fundador e autor do hino da Pérola Negra, tem mais de 30 sambas compostos e nunca gravados. É um Adoniram que não saiu do gueto. Entre os seus, os italianos de todas as partes da bota, afinou o gosto pela culinária simples e saborosa. Como tantos outros oriundi, meteu um avental e começou a cozinhar pra fora.

No começo, fazia embutidos. Vendia as sopressatas e camponatas para fazer parte das receitas & couverts dos grandes italianos de São Paulo. Depois de muita insistência dos amigos, abriu as portas da fabriqueta e transformou meia dúzia de mesas de um sobradinho na Cônego Eugênio Leite num restaurante de sucesso. Poucos anos depois, na Amália de Noronha, em Pinheiros, tem que colocar a mulher, dona Cleide, para organizar as intermináveis listas de espera, inevitáveis nos finais de semana.

O segredo do Pasquale, na minha modesta opinião de admirador e amigo, é a paixão com que encara a arte de cozinhar e receber as pessoas. No fogão, é simples e tradicional. Não trabalha um cardápio cheio de sofisticações e modernismos. O Thermomix passa longe da sua pia. Faz tudo sair da copa com o gosto que memorizou da sua infância. Por isso é bom. E é bom também como RP. Sabe receber as pessoas. É grosso e reclamão, como um personagem caricato de Pirandello. E é doce e simpático como uma "nonna" de barbas brancas.

Aos meus amigos deste blog, recomendo o Pasquale. Ao meu amigo Pasquale, meu abraço pela nova conquista. Mas, cazzo, não aumenta os preços de novo.

Pasquale: Rua Amália de Noronha, 167 - Pinheiros



segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Ora Pois!

Engraçado quando falo que vou ao restaurante Japonês ou ao Português para as pessoas e todos me olham com espanto: "mas você não come peixe, foi fazer o que lá?"

Pois é gente, não só de peixe vivem esses restaurantes!  Fui ao Ora Pois!, na Vila Madalena, e o que me chamou a atenção foi o fato de ser um Português bacana, charmoso e com bons preços! Tenho meio medo dos Portugueses - bacalhau é sempre muito caro, alguém instituiu isso e ponto final.  O restante dos pratos vai na cola.  Neste Português não...  E comi um belíssimo prato de alheira, uma linguiça tradicional portuguesa, feita com três tipos diferentes de carne de porco, pão, azeitonas e condimentos.  O prato vem com ovo frito, arroz e batatas fritas.  Recomendo.

As sobremesas podiam ser mais bem servidas, aliás, característica dos portugueses em geral com mesas fartas, mas não chega a ser um mico.

JLN

Ora Pois! - Rua Fidalga, 408, Vila Madalena

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

"Não é pra Repetir" - Desisti dos Mexicanos

Nunca tiveram grandes ambientes aqui em São Paulo.  Engraçado como apesar de sermos a capital mais internacional do mundo (do ponto de vista gastronômico), nunca um restaurante mexicano virou aqui de verdade.  Nunca foram febre ou nunca houve um cultuado.  Talvez pelos condimentos, talvez pelo ambiente, mas o fato é que quando se quer algo dos nossos amigos ali de cima, temos que nos contentar com a tequila.

Eu gosto muito de Fajitas, um prato mexicano que você mesmo monta na hora de comer.  Com tortilhas soft de milho, filet grelhado cortado em tiras com cebolas e pimentões, pico de galo, sour cream, alface, cebola e guacamole, é uma delícia!  Tinha um que se salvava em SP, o El Mariachi, na Rua dos Pinheiros.  Recentemente estive lá, ávido por um belo prato de Fajitas...  Me senti assaltado, pra não dizer outra coisa.  Dois garçons, aparentemente recém contratados e sem treinamento para atender a casa toda, comida fria e sem capricho, com ingredientes aquecidos num micro ondas que eles não fizeram a menor questão de esconder e, o pior, cerveja quente!!

90 Reais mais pobre e com a sensação de que teria um revertério com aquela comida, solenemente me despedi do México em São Paulo.  Quando eu quiser Fajitas, ou viajo para lá, ou tenho que tapar o nariz e fazer uma visita ao Friday's (que pelo menos é limpinho).

JLN

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Miguel não é Português?

Em Moema, numa daquelas esquinas que parecem com todas as outras do bairro (me perco toda vez), fica o Chopp do Miguel. Com ambientação Alemã (duvido muito que alguém lá já tenha ido pra Alemanha) na parte original, que compreende a construção de alvenaria e ambientação zetaflex na parte de fora, eles servem, na humilde opinião deste que vos escreve, o melhor Steak Tartare da cidade. Habilmente preparado pelo garçom, na mesa, com generosa porção de carne fresca de primeira, páprica, cebola, ovo cru, mostarda escura, alcaparras y otros segreditos más (dentre os quais, alguns mililitros de conhaque), é de não querer parar de comer. A vantagem é que eles não regulam nas fatias de pão de forma preto e pelo fato de ser preparado na hora, a gente pode pedir pra adicionar ou tirar alguma coisa que nem sempre agrada (no meu caso, o aliche, anchova, seja lá o que for aquilo).

E como não só de carne crua vivem os bons bares, destaque para a porção de pastel que também é difícil de ser batida (tanto pelo tempero quanto pela quantidade) e para o chopp, que nos dias de mais movimento não deve nada para os tradicionais de SP.

Quer carne crua, vá no Chopp do Miguel!

JLN

Chopp do Miguel - Avenida Moema, 829, Moema

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Sujinho, o bar das putas


Frequento o Sujinho desde meados dos anos 80. Desde aquela época, o cardápio não mudou e a clientela mais interessante continua disputando suas mesas nas madrugadas da cidade. Deram um tapa no figurino do lugar, fizeram um mezzanino mais chique (entenda-se: as cadeiras agora são todas do mesmo modelo...) e abriram duas filiais - uma quase em frente, na Consolação, outra na av. Ipiranga. Mas o que importa mesmo é que os grelhados que eles preparam continuam muito saborosos. Tem o melhor T-bone da cidade (Unq), disparado. E ótimas carnes mais tradicionais, como o lombo e a picanha. Os acompanhamentos são simples e clássicos: salada de repolho, cebola, mandioca frita e batata. Com uma Serramalte gelada...


Sujinho: Consolação com Matias Aires - Cerqueira César.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Carne!

Opção de fim de semana, quando não se quer sair de casa e dá aquela preguiça de pensar no que fazer pra comer. Tem um açougue no Morumbi que faz assados aos sábados e domingos. É o Santa Bárbara Central de Carnes. Tem de tudo: picanha, maminha, fraldinha, costela, cordeiro, linguiça, frango e uma infinidade de acompanhamentos, da farofa à batata. Tudo muito bem feitinho, com antedimento cuidadoso e preços na média.

Depois das 11h, tem fila sempre. Vale a pena encomendar com antecedência. Recomendo a fraldinha, a costelinha de porco e o frango assado (excepcional). O açougue é bem acima da média. Oferece da tradicional picanha à carne de javali.

Santa Bárbara Central de Carnes - Rua dos Três Irmãos, 524 - Morumbi (www.stabarbara.com.br)

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Eu descobri!

Nos idos de 1990, no começo da adolescência, eu morava ao lado da Cidade Universitária. Voltava da escola e ia com minha Caloi 10 passar a tarde na USP tentando encontrar ladeira pra descer. No final da tarde, com toda a garotada que me acompanhava no sobe e desce da Rua do Matão, tirávamos meia hora pra descobrir quem, de todas as barraquinhas que lá habitavam, fazia o melhor de todos os Cachorros Quentes.

Numa bela tarde finalmente descobrimos, num lugar pouco convencional lá dentro, o rapaz que impressionava pela destreza das mãos. Ele preparava um Cachorro Quente completo (maionese, catchup, mostarda, vinagrete, catupiry, batata palha, milho e purê de batatas - sem ervilhas, ele era um purista) em menos de 30 segundos!! A técnica era tão apurada que conseguíamos comer aquele monstro (normalmente com duas salsichas) sem derrubar nadinha. Os ingredientes, todos de primeira, sempre garantiam o sabor diferente do lanche.

Essa barraquinha continua lá (verdade que pelo giro que eles têm, não costumam trabalhar longas horas) e, se você tiver a oportunidade de passar por lá na hora do almoço, recomendo fortemente um completo de duas salsichas acompanhado de uma Fanta Uva (que é para dar a liga).

Qual não foi minha surpresa em 2000 quando justamente esse rapaz estava com o rosto estampando a foto de campeão da Veja São Paulo como o melhor Cachorro Quente da cidade! Foram tri campeões. Que orgulho, eu descobri!

JLN

Super Hot Dog - Rua do Estádio, Cidade Universitária - Barraquinha com o pai e o filho - vá onde estiver a fila de gente.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Boa nova


Detesto shopping center. Fujo, sempre que possível. O novo shopping Cidade Jardim, então, me causa náusea. Estive lá por curiosidade antropológica, dias atrás. Tem o Nonno Ruggero, padrão Fasano, uma Lanchonete da Cidade, bons sandubas, e uma novidade que vale a visita (ou quase...). Direto do Rio para SP, abriram por lá um quiosque da sorveteria Mil Frutas. Uma delícia. Recomendo o sorvete de chocolate com raspas de laranja (Unq). Bem melhor que a casquinha de isopor do Mc Donald's... Tome coragem, tape o nariz, desvie dos mauricinhos com camiseta de jogador de pólo e experimente.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Pronto para comer

Ou Prêt-a-Manger. É o nome da loja de congelados que deu origem ao Prêt Café. Restaurante simpático, na Bela Cintra quase com a Estados Unidos, logo ao lado do posto de gasolina da esquina.

A dona, Beatriz Ticoulat, normalmente está no restaurante coordenando a confecção de tudo o que é servido. Funciona como buffet e tem pratos excepcionais, um dos meus preferidos é o rocambole de filet, mas o que realmente me prende neste restaurante são as sobremesas.  Em especial o Banana Burger (que tem um nome estranho, mas é absolutamente maravilhoso): parece um hamburger de banana mesmo, empanado com farofa doce, assado, com sorvete de creme e calda de chocolate. A variedade é grande e o preparo é impecável (Unq).  Recomendo.

Atenção especial para o Neca, irmão da Beatriz, que normalmente fica no caixa, e sua esposa, a Neuza, que sempre dá a maior atenção para os clientes.

JLN

Prêt Café - R. Bela Cintra, 2.375 - Consolação - UR=1

A inauguração da Pizza


Está aí um dos temas mais polêmicos para os Paulistanos. A nossa maior especialidade quase entra naquela lista dos assuntos que a gente não discute: política, religião, time de futebol e... Pizza? Eu disse quase... Tem coisa mais gostosa do que discutir a pizzaria e a pizza quando se está com fome?

Pois bem, para inaugurar essa sessão do Blog eu serei bem bairrista... Vou falar de uma das minhas pizzarias preferidas, a Mercatto, bem perto da minha casa. Ela está completando 10 anos este ano e não teve uma vida fácil (algum tempo depois de aberta, teve que enfrentar a concorrência da famosa Camelo que resolveu instalar uma de suas filiais no imóvel ao lado), mas se consolidou e hoje posso dizer que prepara uma das melhores redondas de SP.

Comecemos pela entrada, que conta com duas cestinhas "automáticas", uma de pão de calabreza e outra com uma casquinha apimentada (Unq), impossível de parar de comer. E quando vamos falar de pizza, eu tenho que explicar uma regra minha antiga já: eu costumo julgar as pizzarias pela pizza Portuguesa. Essa não é uma pizza simples, tem muitos ingredientes e, para que fique boa, tem que ter equilíbrio - não pode ter muito presunto, não pode ter muito ovo e a cebola tem que ser cozida, para que a pizza não fique na sua memória tanto tempo assim. Com essa pizza eu percebo o cuidado com os detalhes que uma pizzaria tem, é ela quem me diz se eu volto ou não. Toda vez que eu for falar de pizza aqui, eu vou citar a Portuguesa. Dentro do meu critério, a Mercatto passa com louvor, a pizza tem a massa grossa, mas leve, com presunto na medida (fininho, leve), ovo e cebola sem exagero e cobertura de mussarella pra deixar tudo molhadinho, com boa quantidade de molho de tomate, inclusive por cima da mussarella. Chega a ser artística! Combine metade dela e a outra metade com a pizza de Calabreza com Ricota (que quebra a linguiça e deixa tudo mais leve) (Unq) e você tem a pizza perfeita!

E como ninguém é perfeito e todos nós temos sempre oportunidades de melhorar, ainda acredito que um dia eles trocarão aquele chopp Kaiser (Mco) pelo Brahma.

JLN

Mercatto Pizzaria - Rua Marechal Hastinfilo de Moura, 93 - Morumbi UR=1

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Feijão preto

Dizem que já foi melhor. Eu freqüento há 20 anos e ainda é minha preferida. A feijoada do Bolinha tem dois diferenciais inigualáveis, na minha modestíssima opinião de comensal.

O primeiro é o sabor da feijoada (Unq). Não se rende às frescuras dos buffets, que separam o rabo do paio pra agradar os infiéis. Tudo vem junto, misturando os sabores, numa cumbuca furada, sem fim.

O outro “uniqueness” é o serviço (Unq) , capitaneado pelo Guimarães, maitre 100% que tenho o prazer de conhecer desde os idos de 1989... Faz toda a diferença quando vou ao Bola, num sábado lotado, morto de desejo, como feito um porco e ainda tenho minha senhora atendida à parte – ela não gosta de feijoada (!) – num cardápio não-escrito. Ela come seu filezinho com fritas, que nem aparece na conta. E o Orlando, dono e amigo, palmeirense de carteirinha, não deixa o feijão desandar.

Tem meu voto de melhor fejuca de SP.

Bolinha: Av. Cidade Jardim, 53 - Jardins. UR= 2

Este filé só vi no Caverna...

Muito bom o Filé Alpino da Caverna Bugre. Um filézão bem preparado, coberto com copa e queijo fundido, num molho escuro feito à base de molho inglês. Com arroz e batata, é bom demais. O restaurante é meio caído, deve ter uns 50 anos, e fica escondido no subsolo de um prédio residencial, no fim da Teodoro, quase no HC. O serviço é meia boca, às vezes o garçom some, mas o tal filé vale a viagem.

Caverna Bugre: Teodoro Sampaio, 334 - Pinheiros

Unique-o-quê?


Pô Marcelo, por enquanto somos só nós dois lendo isso aqui, mas quando os amigos começarem a chegar, precisamos explicar algumas peculiaridades da nossa idéia... Para os não iniciados (basicamente neste momento a população mundial menos eu e o Marcelo), o termo "Uniqueness", derivado da língua inglesa - nos tempos pós guerra fria, praticamente a língua mãe - significa a assinatura, personalidade e alma de algum lugar. Uniqueness pode ser representada por algum detalhe do ambiente (por exemplo o ambiente do Nakombi da Rua Pequetita, espetacular, faz a gente se sentir em Okinawa), pela sobremesa (o soufflé de goiabada com calda de Catupiry do Carlota é uma Uniqueness memorável) e claro, pelo prato principal... Aí são vários, alguns já instituições da cidade de São Paulo: o Polpetone do Jardim de Napoli, a coxinha do Frangó, a esfiha do Brasserie Victória, a massa finíssima da Pizzaria Monte Verde (a do Bom Retiro), o filet mignon com um caminhão de alho do Moraes, o Bauru do Ponto Chic... A lista, para nosso deleite, é quase interminável, e, confesso, uma tortura pra quem está com fome e longe de algum destes lugares.

Tá bom, você, caro leitor, deve estar pensando: “conheço outras esfihas, ou então outro filet, ou outros sanduíches...” A Uniqueness não é sinônimo de exclusividade, ou de algo secreto. A Uniqueness é definida por algum pequeno detalhe que faz daquela pizza ou daquele filet, algo totalmente singular, absolutamente perfeito e digno de ser tombado pelo patrimônio histórico. É tão notório que, quando em conjunto com o ambiente que o concebeu, o prato + restaurante ou o restaurante + experiência se tornam uma entidade.

A Uniqueness não tem preço, não discrimina cor ou classe social, não segue padrão nem tendência. Você pode encontrá-la nos mais surpreendentes lugares, no bar da esquina da sua casa, por exemplo.

Chega de conceituar Uniqueness. Como eu falei, a lista é interminável. Especialistas no assunto calculam que nem 1% de todas as Uniquenesses que existem foram descobertas. Há um mundo esperando por nós.

E se mesmo com tudo isso ainda não se sente capaz de encontrá-las, comece por esta lista e você vai entender do que eu estou falando.

JLN

Nakombi Vila Olímpia - Rua Pequetita, 170
Restaurante Moraes – O Rei do Filet - Praça Júlio Mesquita, 175
Jardim de Napoli - R. Dr. Martinico Prado, 463
Frangó Bar - Largo da Matriz Nossa Senhora do Ó - Freguesia do Ó , 168
Carlota – Rua Sergipe, 753
Brasserie Victória – Av. Juscelino Kubitscheck,545
Pizzaria Monte Verde – Rua Barra do Tibagi, 406

Ponto Chic – Lgo. do Paissandu, 27

Pra começo de conversa

Peço licença para abrir este espaço com dois exemplos de "uniqueness gastro-etílica" em São Paulo. Minha proposta é que cada post seja específico, não genérico. Interssa menos o espaço & afins; vale mesmo o indicativo do cardápio, o motivo da ida. As ressalvas, apostos e exclamações adicionais serevm para ilustrar o objeto principal que motivou a indicação. Nada de brinco em orelha de porco!

O primeiro está na categoria de entradas. A sopressata, o Guttemberg e abobrinha grelhada do Pasquale, acompanhadas de pão português (não italiano) e um bom vinho recomendado pelo somelier Marcelo (xará), já valem a visita ao restaurante. No cardápio principal, recomendo o spaghetti com linguiça ou, se estiver no inverno, o penne a carbonara, com pancetta. Se cruzar com o Pasquale, o próprio, na entrada ou saída, use a senha: "onde fica a mesa de não fumantes?" Depois saia correndo.

Outra dica é o Filé a Parmegiana do Genésio, na Vila Madalena. Ponto fora da curva em um prato "lugar comum". Fica melhor quando a entrada foi uma Polenta do Padre e o serviço conduzido pelo mestre Calixto. Acompanha um dos melhores chopps de São Paulo. No sábado, tem fila na porta para o almoço, das 12h às 15h.

Pasquale - Rua Amália de Noronha, 167 - Pinheiros. Genésio - Rua Fidalga, 259 - Vila Madalena.